O AlphaProof, por exemplo, tem suas origens no famoso AlphaGo, que em 2017 derrotou o melhor jogador do mundo no jogo de tabuleiro Go. Assim como o AlphaGo, o AlphaProof adquiriu suas habilidades matemáticas por meio de um intensivo treinamento. Já o Gemini, o modelo de linguagem da Google, desempenhou um papel crucial ao converter os textos dos problemas de matemática em uma linguagem de programação chamada Lean, permitindo que o AlphaProof pudesse treinar suas provas matemáticas.
O processo é similar no AlphaGeometry, que usa o Gemini para converter problemas de geometria em formas geométricas, as quais podem ser manipuladas e testadas por um programa. Essa abordagem “neurossimbólica” tem se mostrado eficaz, pois combina a capacidade de compreensão e geração de texto dos LLMs com a capacidade de raciocínio lógico dos modelos de IA.
Embora o desempenho da IA da Google DeepMind na Olimpíada de Matemática de 2024 seja impressionante, os pesquisadores reconhecem que a abordagem ainda enfrenta alguns desafios. David Silver, líder da equipe que desenvolveu o AlphaZero, explica que os modelos foram treinados para resolver testes, onde existem soluções corretas e erradas. Isso significa que eles podem não ter tanto sucesso em problemas do mundo real, onde há múltiplas soluções possíveis, cada uma com suas vantagens e desvantagens.
Para Silver, a solução pode estar em um modelo de linguagem que seja capaz de determinar o que constitui uma resposta correta durante o treinamento. Ele também acredita que a IA será mais uma ferramenta, assim como calculadoras e réguas de cálculo, e não o fim do que os matemáticos podem fazer. “Uma parte importante da matemática é propor problemas e descobrir quais são as perguntas interessantes”, afirma o pesquisador.
Os avanços da Google DeepMind na resolução de problemas da Olimpíada de Matemática são um sinal claro de que a inteligência artificial está se tornando cada vez mais capaz de lidar com desafios complexos envolvendo lógica e raciocínio matemático. Embora ainda existam desafios a serem superados, especialmente em problemas do mundo real, a abordagem “neurossimbólica” adotada pela empresa demonstra que é possível melhorar significativamente a capacidade das IAs de compreender e resolver problemas matemáticos. À medida que essa tecnologia continuar a evoluir, é provável que vejamos ainda mais avanços nessa área, com a IA se tornando uma ferramenta cada vez mais valiosa para matemáticos e cientistas.